Mudança na tarifa pode deixar mais barata conta de luz de quem usa menos energia
Tarifa binômia, cuja implantação está em
estudo na Aneel, muda forma de cobrança pelo serviço das distribuidoras. Conta
de luz ficaria mais cara para quem tem muitos eletrodomésticos.
Consumidores que têm poucos
eletrodomésticos e por isso usam menos energia podem passar a pagar uma conta
de luz mais barata. É o que prevê uma proposta em discussão na Agência Nacional
de Energia Elétrica (Aneel).
A ideia é que passe a vigorar
para consumidores de todas as classes a chamada tarifa binômia.
Já disponível para grandes indústrias, ela estabelece faixas de cobrança pelo
serviço de distribuição - que é a construção e manutenção da rede que leva a
energia até as casas e as empresas.
O custo do serviço de
distribuição, a chamada "tarifa fio", representa cerca de 30% do
total pago nas contas de luz. Esses recursos servem para remunerar as
distribuidoras pelo uso da rede.
Hoje, casas ou lojas que
consomem muita energia pagam, pelo serviço de distribuição, o mesmo valor que
outras que usam pouca. Com a tarifa binômia, a lógica é que os grandes
consumidores passem a pagar mais pelo serviço porque exigem um maior
investimento das distribuidoras para atender à sua demanda. E, quem usa menos
energia, pagaria menos.
"Se você tem dois
consumidores, você tem uma demanda declarada de X e o seu vizinho de metade de
X, hoje vocês pagam a mesma tarifa, mas certamente a rede da distribuidora
levou em consideração a carga de vocês dois. Você demandou mais de força da rede
do que o seu vizinho, então você pagará mais a tarifa de fio do que o seu
vizinho", explicou o diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino.
Quando começa?
A proposta ainda
não tem data para ser votada na Aneel, mas os estudos já estão sendo feitos. A
agenda regulatória da agência prevê a abertura de audiência pública sobre a
tarifa binômia, que é essa cobrança diferenciada, já no segundo semestre de
2018. A votação da proposta está prevista para 2019.
Depois de ser aprovada, a Aneel deve fixar um calendário de implantação.
A adesão à tarifa binômia será obrigatória para todos os consumidores.
Quando isso acontecer, cada casa e comércio terá que declarar, à
distribuidora que o atende, a sua demanda de energia, que vai levar em conta,
por exemplo, a quantidade de eletrodomésticos e equipamentos ligados no imóvel.
Por exemplo: uma casa que tem aparelhos de ar-condicionado demanda mais
energia - e mais estrutura de rede da distribuidora - do que outra que não
possui esse tipo de equipamento.
Com dessa declaração, será possível definir quem vai pagar uma tarifa
de distribuição mais cara e quem vai pagar uma mais barata.
Essa declaração pode ser simplificada pela análise do disjuntor usado
na residência, por exemplo. Esse disjuntor, que fica no relógio de energia, é
instalado levando em consideração o número de eletrodomésticos e o consumo da
residência.
Penalidade contra fraude
Segundo Rufino,
para evitar que alguém informe à distribuidora uma necessidade mais baixa de
energia que a real, para pagar uma tarifa de distribuição mais barata, haverá
penalidade, uma espécie de multa, que será cobrada sempre que um consumidor
usar mais eletricidade do que a prevista na faixa em que ele se declarou.
"O que o consumidor poderia imaginar: eu vou subcontratar para
pagar uma tarifa baixinha, mas aí tem uma regra que, se ele ultrapassar o que
contratou, é muito mais caro. Então, é uma penalidade pela ultrapassagem",
disse o diretor-geral da Aneel
"Ele [consumidor] tem que contratar a demanda correta para as
distribuidoras dimensionarem a rede. Ela não pode superdimensionar, porque ela
[distribuidora] estaria investindo sem necessidade, mas não pode
subdimensionar, porque aí teria problema de tensão e começa a dar
problema", completou ele.
Fonte: https://g1.globo.com/economia/noticia/mudanca-na-tarifa-pode-deixar-mais-barata-conta-de-luz-de-quem-usa-menos-energia.ghtml